Sonhos e Realidade: o início da nossa jornada com o autismo
Publicado em: 12/09/2024 | Por: Flávia Poppe | Jornada da Flavia
É com imensa alegria que apresentamos nossa primeira série de artigos, escritos por Flavia Poppe, co-fundadora do Instituto JNG. Nessa série, Flavia compartilha sua jornada pessoal como mãe de Nicolas, um jovem adulto de 33 anos com autismo. Através de suas palavras, ela nos levará por uma viagem íntima e sincera compartilhando suas experiências, um convite à reflexão. Seu objetivo é oferecer uma perspectiva realista e inspiradora para famílias, profissionais e todos que se interessam pelo autismo.
Vamos lá para o primeiro texto…
Sonhos e Realidade: O Início da Nossa Jornada com o Autismo
Em 1991, eu tinha 31 anos. E mesmo que eu não tivesse sonhado ou planejado, estava casada, era mãe de um lindo e adorável menino e estava grávida do segundo. Se não era isso, com o que eu sonhava então? Com o ambiente de trabalho do escritório de meu avô, professor universitário aposentado, que passava as tardes datilografando em sua máquina de escrever, enquanto eu era criança, passando as férias na casa dos avós. Mas a maternidade tornou-se não apenas a realidade, mas também, uma vocação.
Do álbum de família
Bem antes do Nicolas (o Nico) nascer, pensava comigo mesma se seria possível amar outro filho, já que o Camilo ocupava todo o meu coração e só tinha olhos para ele, seu jeitinho, como descobria as coisas, como aprendia, o que o chateava, como era bonitinho e etc. Fiquei muito apreensiva mesmo! Mas assim que o Nico saiu da minha barriga, eu entendi tudo – coração de mãe dilata, aumenta de tamanho, aqui cabem quantos forem. E no meu caso, dois lindos meninos, com diferença de apenas dois anos e meio de idade.
Contudo, na medida em que os primeiros meses com o Nico foram passando, eu fui percebendo que a capacidade de amar filhos é elástica, mas a mente não. Nico não girava no berço, era hipotônico e repetia de forma espontânea sempre o mesmo mantra. Custou a sentar, a engatinhar, a dar os primeiros passos. E, pouco a pouco, a preocupação com aquelas observações típicas do desenvolvimento dos bebês fora do esperado foram enchendo a minha cabeça de perguntas sem respostas, de angústia, de medos e quase nenhuma informação. Era 1991, os primórdios da década de 90. Os meninos eram pequenos, Camilo tinha 3 anos e Nico seis meses. Lucien, meu marido, foi transferido de Brasília para San José, na Costa Rica. E naquela época, ainda não se falava em autismo.
No próximo texto, contarei mais como foram os primeiros anos.
Aguardem!
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