Menu

Entre escolas e novos desafios: a busca pela autonomia e inclusão

Uma parte essencial de nossas vidas é vivida nas escolas, onde aprendemos muito com nossos professores! Essa é a ordem natural do sistema de educação: os professores ensinam e os alunos aprendem. Mas com Nico, no início dos anos 90, essa lógica não se aplicava. O sistema tradicional simplesmente não funcionava para ele. Para ensiná-lo, primeiro eu precisava aprender com ele. Era necessário observar seus gestos, seus olhares, entender o que despertava seu interesse. E também o que, ao redor, desviava sua atenção ou dificultava seu aprendizado. Como mãe, eu insistia, ouvia as maestras (quase sempre mulheres), observava cada detalhe e, muitas vezes, me sentia angustiada. 

Além das dificuldades naturais, nossa família mudava de país a cada quatro anos, e isso significava praticamente recomeçar do zero. Para mim e para Nico, era um eterno começar de novo. Camilo, meu filho mais velho, também sentia o impacto das mudanças escolares, mas conseguia acompanhar, com esforço, o currículo da escola pública francesa – o mesmo em qualquer lugar do mundo. Um sistema prático, mas inimaginável para uma criança com um desenvolvimento atípico, cuja percepção de si mesma é permeável demais, afetando e sendo afetado pelo ambiente ao redor.

Experimentamos de tudo: métodos como Piaget e Montessori, escola especial, escola regular com adaptações, e passamos por idiomas como espanhol, português, inglês e francês. Era uma verdadeira “salada mista” que, de alguma forma, levou Nico à adolescência. E terminando o ciclo escolar, chega a fase em que muitos estão prontos para escolher uma carreira e iniciar a longa jornada da transição para a vida adulta. Porém, diferente da maioria, Nico não estava preparado para seguir esse caminho. Ele não tinha as ferramentas cognitivas “clássicas” para enfrentar um ENEM ou um curso profissionalizante. Faltavam-lhe as bases que sustentam essa escolarização, apesar de sua habilidade impressionante de reconhecer músicas clássicas em apenas um segundo de acorde, de saber histórias de óperas e se divertir com elas repetidamente. E de flutuar no meio aquático com uma leveza invejável, apreciando toda a beleza das águas.

Ele não seguiria o caminho tradicional dos estudos, assim como muitos jovens também não o fazem. Mas isso não significa que ele, ou qualquer outro, deixaria de encarar o desafio de se tornar adulto.

Skip to content